Pastor criticou o ex-presidentes por ter dado ‘sinais dúbios’ sobre apoio a Ricardo Nunes ou Pablo Marçal em São Paulo

BRASÍLIA – Um dos principais apoiadores evangélicos do ex-presidente Jair Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, criticou duramente a postura dele no primeiro turno das eleições deste ano, especialmente em São Paulo.

Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, Malafaia afirmou que Bolsonaro adotou uma postura ambígua na disputa entre o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o empresário Pablo Marçal (PRTB). Formalmente, o ex-presidente apoiava Nunes, mas evitava criticar diretamente Marçal. “Bolsonaro deu o recado de que não é confiável em seus apoios políticos. […] Ele foi covarde e omisso, sempre evitando se comprometer. Fica em cima do muro para agradar seus seguidores nas redes sociais”, afirmou o pastor.

Malafaia revelou que, nos últimos dias antes da eleição, confrontou Bolsonaro por mensagens, questionando como ele poderia apoiar alguém que, segundo ele, “falsificou documentos e queria dividir a direita e os votos evangélicos”.

Bolsonaro emocionado ao telefone

Malafaia também compartilhou um episódio de fevereiro, quando, após uma operação da Polícia Federal contra Bolsonaro e ex-ministros de seu governo, o ex-presidente lhe telefonou emocionalmente abalado. “Ele estava depressivo em Mambucaba [Angra dos Reis-RJ], perto de ser preso. Falei para ele: ‘Vai ficar chorando aí? Vamos para a rua!’. Bolsonaro chorou por cinco minutos antes de conseguir falar”, relembrou o pastor.

A ligação resultou na convocação de uma manifestação em apoio a Bolsonaro, realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 25 de fevereiro.

Resposta de Flávio Bolsonaro

Em resposta às críticas de Malafaia, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que “roupa suja se lava em casa, e não em público”. Defendeu também a estratégia do pai, dizendo que Bolsonaro foi decisivo para a vitória de Ricardo Nunes sobre Marçal, permitindo sua ida ao segundo turno. Flávio ainda ressaltou a importância de união para derrotar a esquerda nas próximas eleições: “2026 já começou, e precisamos ser mais racionais que emotivos”.